domingo, 3 de abril de 2016

Não tenho a melhor memória do mundo...

Mas eu lembro das coisas que mais tiveram impacto na minha vida e que até hoje refletem em mim. Dentre isso tem a época mais antiga que eu me lembro, que é eu e minhas avós no parque da cidade. Depois disso, todas as minhas memórias de infância se baseiam na escola. Nunca fui uma garota de me enturmar facilmente, então pra mim, passar por algo vergonhoso em frente a várias pessoas, conhecidas ou não me deixa mais que desconfortável. Teve um dia na escola que eu me martirizo até hoje. Lembro que eu era a goleira do time de futebol das meninas na primeira série (grupo sete) e eu fui defender uma bola ridícula... eu tentei fazer isso com o pé, com estilo, sabe? Bem. Não deu certo. Tomei um frango e lembro como se fosse ontem da risadas e de uma colega apontando pra mim. Lembro de achar que ninguém iria falar comigo de novo por causa daquilo, que eu iria ser motivo de piada para sempre; que quando eu saísse do local todos iriam falar de mim. E como eu era idiota.
Também lembro de quando a professora me colocou pra resolver um problema de matemática no quadro, e eu errei uma conta muito óbvia, e novamente estavam lá rindo de mim. Dizendo que eu não sabia contar. Por motivos como esses eu tenho vergonha e medo de me expressar em público. Colocar a minha opinião diferenciada em discussão, por esse motivo não aceito bem críticas. Me vejo na obrigação de agradar a todo mundo pra não passar por isso... chega a ser meio idiota como me deixei levar por críticas de maneira tão séria assim, e de uns tempos pra cá eu estou tentando, juro que estou...
Voltando as lembranças, saindo dessa parte mórbida(rs), nesse mesmo ano eu iria conhecer pessoas que realmente fariam a diferença, não é como aquele amigo imbecil seu com quem você andava e só depois percebe o por que de você não ter outras amizades... (sim mattos..deixemos pra lá...). São pessoas que estão comigo até hoje, dez anos depois e em momento nenhum me fizeram passar por esse desconforto que mencionei no inicio. É o tipo de amizade que eu tenho medo de perder, por motivos bem egoístas.
Como já disse, tenho dificuldade em me enturmar, e consequentemente em fazer amigos novos. Normalmente meus amigos atuais vieram dessas amizades que eu disse ter medo de perder. E no momento que essas amizades saem de cena, não estão mais tão presentes na minha vida, eu perco o contato com esses "amigos". 
Pra mim, a coisa mais importante na vida são os laços que você cria. Dependendo da pessoa esse laço tem um só nó, fácil de se desfazer, ou dois nós, mais difícil, e pode ter cores diferentes. Quando aparece um laço multi colorido e de dois nós na sua vida, você guarda com carinho e por mais que ele tente se esconder ou se desfazer você não consegue pois ele sempre vai estar chamando a sua atenção.
Tenho certeza de dois laços assim na minha vida...mas um deles eu estou com medo que não seja tão difícil de se desfazer. Meu primeiro laço assim começou aos sete anos e dura até hoje, tendo seus altos e baixos, mas a tecnologia e os interesses em comum só nos aproximam. Chegamos a nos afastar, mas não foi algo tão forte. Minhas amizades sempre foram do colégio, e sempre que uma saia de lá, voltava, então nunca experimentei algo tão distante.
Mas esse segundo laço, começando aos doze anos, me abala mais por me deixar mais a vontade com literalmente qualquer coisa. Claro que existem assuntos que eu não conto, mas muito raramente. E, apesar de já ser algo que eu sabia que iria acontecer, não esperava que fosse esse jeito. Quer dizer... não esperava que eu fosse reagir desse jeito.
Quando você se descobre a vontade com alguém, pra largar essa mania é mais complicado. Passei seis anos assim. Inseparáveis, uma discordância em algo que não fosse livros não era algo frequente, pra falar a verdade, foi até um tema discutido por mim: o fatoo de nunca termos brigado...enfim, o fato é, pra mim não estava tão dificil manter uma amizade a distancia, agora que ela se mudou pra são paulo. Mas quando eu fui visitá -la, na semana passada, e vi o quanto a realidade dela havia mudado e o quão melhor havia ficado...eu não vi como eu me manteria ali. A mudança foi definitiva, nova rotina e novas pessoas seria algo que apareceria, mas foi muito...rápido. O que eu não estranho, ela tem a capacidade de fazer amizades com qualquer um, é capaz de juntar as pessoas, e como essa é a sua nova realidade e as pessoas de lá são completamente diferente das daqui, as novidades foram grandes. Acontece que não sou muito falante e as conversas são mantidas por ela e, como era de se esperar, o assunto é só isso, só eles agora. Mas esse não é o problema...o problema é que...comparando a vida deles com a minha...eu nem chego aos pés. Tenho uma rotina monótona e eles são só novidades...exatamente como era por aqui quando ela não tinha saído...
Percebe o que há de errado? ou eu ali no meio. Isso tá errado. Por mais que ela tente me manter informada, e me explicar tudo o que aconteceu no dia, e cá entre nós, eu gosto de ouvir as histórias, eu comparo com o meu dia, com as minhas vivências, e reparo que sou monótona. Reparo que eu tenho ciumes dessa galera, que parece tão legal e tem experiencias totalmente diferentes das minhas; reparo que se ela não tivesse se mudado eu estaria com uma vida tão divertida quanto, pois não teria essa visão da parte deles... Ou não. Poderia ser exatamente do mesmo jeito.
O ponto é: eu não sinto mais presente aquela vontade de eu também estar lá...talvez seja por isso que eu não queira conhecer eles (por mais que já conheça pelo o que ela me conta), tenho medo de realmente serem "isso tudo".
O pior disso tudo é que eu me sinto culpada por sentir ciumes...Eu quero a felicidade da minha amiga. A ultima coisa que eu quero é ela sozinha. Ver a capacidade dela de encantar as pessoas (convenhamos, da maneira mais inesperada possível), me deixa mais que contente...mas meu sentimento egoísta não gosta de eu não fazer mais parte da vida dela como antes. E vendo como festas, e almoços e saídas com os novos amigos são legais e constantes, eu vejo como eu não passei por nada na minha vida ainda...

sábado, 11 de julho de 2015

Problemas

Todo mundo tem problemas. Sempre considerei meus problemas insignificantes e resolvia deixar pra lá. Escondia-o no fundo de meu peito para que ninguem pudesse ver que eu chamava aquela bobagem de problema. Me dizem que não é correto comparar os problemas que tenho com o dos outros, mas pra mim é inevitável... Sou um grão de areia na praia que é o universo, com tanta gente com complicações maiores que as minhas, eu vou me preocupar com um celular quebrado? Com o medo de enfrentar meus amigos depois de passar vergonha na frente deles? De ter ficado de recuperação no colégio? Quanta bobagem! Besteira!
Em algum lugar no fundo da minha cabeça eu tenho a consiencia de que vou conseguir superar tudo isso, e que esses problemas vão se juntar à  minha memória de levar um gol de frango no grupo 7...mas o meu principal pensamento é que esse problema vai se alastrar e eu não terei a capacidade de resolvê-lo, por mais simples que seja.
Uma frase que vi no tumblr uma vez me volta a cabeça várias e várias vezes "Não me deixe sozinha com meus pensamentos...". É triste, mas me identifico na maioria das vezes com ela. Meus pensamentos se tornam destrutivos a medida que vou conhecendo o meu problema atual e as pessoas que ja o tiveram... somando isso a minha capacidade de não acreditar em mim mesma...está criado mais um monstro que não me deixa dormir, e me leva a escrever textos para este blog de desabafo às duas da manhã de um domingo.
Normalmente, só consigo dormir quando me convenço de que já aconteceu, e que não há nada que possa fazer para mudar a realidade, a não ser enfrentar o problema a minha frente. Nem sempre dá certo... e nessas situações só há uma coisa a fazer: ler.

sábado, 4 de julho de 2015

Intertextualidade

Depressiva..... reflexiva. Não sei... ainda não encontrei a palavra certa pra me definir a cada vez que saio de um transe de sete horas. Presa no mundo perfeito onde todas as ações são bem planejadas e culminam para um final feliz. Mais utópico que isso só um Harry Potter da vida. 
O fato é que a cada vez que entro no mundo de um romance não consigo pensar em outra coisa até ler a ultima palavra dos agradecimentos do autor. E passo as ultimas quatro horas que deveriam ser de sono pensando no que aconteceu... nos erros cometidos pelos protagonistas, em como aquela personagem secundária chegou lacrando mesmo que faltassem apenas quarenta paginas para o final dramático, em como a escrita causou tanto impacto que foi possível perceber a diferença de comportamento desde a primeira pagina do primeiro livro até o final do que acabei de ler. 
É nesses momentos que emendo a história do livro com a minha vida... analiso os fatos que mais parecem ter sido filmados do meu dia a dia e colocados ali e eu estava passando por tudo de novo... mas também paro pra pensar que talvez seria melhor não ter feito aquela merda do mês passado que me levou a situação que estou agora. E tem a pior parte... quando percebo que a personagem está passando por conflitos que terei que passar daqui alguns meses e estremeço com medo de dar tudo errado... de eu não conseguir como ela conseguiu. 
Não sei qual será o meu destino depois que passar por isso, as indecisões, o medo e a angustia batem na porta do meu pensamento que nem loucas com suposições alegres e desastrosas do futuro e eu desejo que o livro não tivesse acabado ainda. Passo a querer continuar no mundo que não é o meu, vivendo uma vida que não é minha e sofrendo com essas consequências.
Pego outro livro e recomeço o transe, e nesse momento eu desejo (novamente) que não acabe nunca, pois sei que terei que passar por tudo isso de novo e simplesmente não tenho o menor saco pra suportar os meus pensamentos deprimentes, principalmente depois de um dos meus livros de amorzinho, com um clima tão bom. As vezes é melhor não ficar só com meus pensamentos....mas não é como se eu tivesse alguma escolha.